Causas e consequências
Muitas pesquisas estão sendo realizadas e as respostas são limitadas, mas já podemos afirmar que a SPI pode ter causas distintas.
A SPI surge na sequência de uma influência genética muito forte. Pesquisas já determinaram que os genes do cromossomo 12 ou 14, dependendo da família, são os responsáveis. Essa forma de SPI é conhecida como primária ou familiar.
A SPI quando resultante de outras condições, adquire a designação de SPI secundária. Durante a gravidez, 15% das mulheres desenvolvem SPI. Os sintomas desaparecem depois do parto. Anemia e baixos níveis de ferro no sangue também são associados a sintomas de SPI, assim como outras doenças crônicas (neuropatia, problemas renais). Estudos recentes apontam para a associação entre SPI e Transtornos de Hiperatividade e Déficit de Atenção (TDAH).
Se não tem história de SPI na família e os sintomas não estão associados a outras condições, então a doença é chamada idiopática (sem causa).
Embora o diagnóstico seja feito em pessoas de meia idade, muitos deles podem lembrar-se de sintomas já presentes na infância, principalmente naqueles com SPI familiar. Esses sintomas na infância podem ter sido diagnosticados como dor de crescimento ou hiperatividade, porque a criança não parava quieta na hora da aula. Crianças inquietas, hiperativas que pedem para massajar as pernas na hora de dormir podem estar manifestando a SPI.
O diagnóstico de SPI é feito através da história clínica e da descrição das sensações. Não há exames laboratoriais que confirmem o diagnóstico, mas estes podem ser feitos para afastar outras doenças do sono. Análises sanguíneas são necessárias para medir a deficiência de ferro.
Tratamento
O tratamento oferecido tem como objetivo aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida das pessoas com SPI, mantendo o equilíbrio entre riscos e benefícios.
Se uma deficiência de ferro for detectada, utiliza-se suplemento de ferro, vitamina B12, que pode ser suficiente para acabar com os sintomas. Como o uso de certas substâncias em quantidades inadequadas pode causar intoxicação, recomenda-se a avaliação, prescrição e acompanhamento médico para a utilização da suplementação de ferro.
Quase 25% dos pacientes com SPI têm seus sintomas originados ou agravados, pela utilização de outros medicamentos. Esses fármacos incluem inibidores do canal de cálcio (usados para tratar hipertensão e problemas cardíacos), medicamentos anti-náusea, alguns medicamentos para gripes e alergias, tranqüilizantes, fenitoína e medicamentos utilizados para tratar depressão.
O estilo de vida, certos hábitos e costumes podem piorar os sintomas de SPI. Uma boa regulação do sono deve ser seguida, pois a fadiga e sonolência tendem a piorar os sintomas. Regulação do sono significa encontrar o melhor horário para adormecer e acordar e mantê-lo todos os dias, dormindo o mesmo número de horas. Exercícios físicos moderados são recomendados até seis horas antes do horário de dormir. Para algumas pessoas, ao contrário, exercícios físicos logo antes de dormir são benéficos.
Uma dieta equilibrada pode ser importante para diminuir a gravidade da doença. Apesar da cafeína aparentemente melhorar os sintomas, ela os intensifica e os atrasa para mais tarde durante noite. A melhor solução é evitar todos os produtos com cafeína: café, chá mate, chá preto, refrigerantes, chocolate e alguns medicamentos. O consumo de bebidas alcoólicas aumenta a intensidade dos sintomas; de novo a melhor solução é evitá-las.
Certas atividades físicas como banho quente, massagens, técnicas de relaxamento, trabalhos manuais, alguma outra atividade que mantenha a mente ocupada, podem ser benéficas, mas dependem da gravidade dos sintomas de cada pessoa. Algumas pessoas não conseguem encontrar alívio com qualquer atividade e precisam de medicamentos.
Não há um medicamento aprovado especialmente para o tratamento da SPI, mas outros medicamentos aprovados para outras doenças são utilizados. São eles: agonistas dopaminérgicos, sedativos, medicações para dor e anticonvulsivantes. Cada droga tem seus benefícios, limitações e efeitos colaterais. A escolha da medicação depende da gravidade dos sintomas.
A primeira escolha para tratar SPI são os agonistas dopaminérgicos, entre eles o pramipexol. Embora esta classe de medicamentos seja utilizada para tratamento da Doença de Parkinson, a SPI não é uma forma de parkinsonismo. Todo medicamento deve ser iniciado com baixas doses e de forma lenta para minimizar os efeitos colaterais. A carbidopa/levodopa tem sido usada por mais tempo, mas recentemente descobriu-se um problema que ela pode provocar: o aumento dos sintomas. Apesar de a dose ser suficiente para propiciar uma boa noite de sono, as sensações e a urgência para mexer as pernas vai se intensificando e aparecendo mais cedo no dia (à tarde ou pela manhã). Quando isso acontece, provavelmente deve-se trocar a medicação, mas isso não pode ser feito de modo abrupto. Procure seu médico e veja com ele qual a melhor solução.
A informação é o primeiro passo contra a SPI. O melhor tratamento requer uma boa interação entre você e seu médico, para um diagnóstico correto e eficácia no alívio dos sintomas, se for possível, sem uso de medicamentos. Mas se você precisar de medicação, a escolha da droga e a dosagem devem ser bem cuidadosas. Medicamentos sozinhos ou em conjunto com outros podem funcionar bem para alguns e não para outras pessoas.
Porque não se tem um tratamento único e efetivo para a SPI, pesquisas continuam sendo realizadas e são de vital importância. Enquanto isso não for bem definido, o trabalho junto com seu médico, a procura de tratamentos não medicamentosos e a interação com grupos de suporte (como a Associação Brasileira da Síndrome das Pernas Inquietas) ainda são ajudas fundamentais para se viver bem e com qualidade apesar da SPI.
Fonte: Associação Brasileira da Síndrome das Pernas Inquietas – ABRASPI