segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Terapeuta! Qual a diferença entre tendão e músculo?

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Muitas duvidas surgem sobre este tema. Musculo e tendão são a mesma coisa? São coisas completamente distintas? Ainda há quem junte as estes dois um terceiro conceito: ligamento. Aí sim a confusão adensa-se.
Os músculos são responsáveis pelos movimentos que o nosso corpo produz no dia-a-dia. Lavar a cara pela manhã, mastigar e até mesmo focar e acompanhar as letras deste texto que lê. 
Constituídos por tecido muscular a sua principal característica é a contractibilidade. Esta característica possibilita ao músculo diminuir o seu comprimento, aproximando assim dois pontos distintos. Vamos tomar como exemplo a flexão da articulação do cotovelo; ao "dobrar" o cotovelo o músculo bicípite encurta-se, diminuindo assim a distância entre a sua mão e o seu ombro. De forma um pouco mais específica a contracção muscular ocorre com a chegada de um impulso eléctrico, proveniente do sistema nervoso central, ao músculo. Este impulso, conduzido por um neurónio, irá desencadear um potencial de acção, (entrada de cálcio e saída de potássio da célula) produzindo assim a contracção muscular.
No entanto, para que o músculo consiga mobilizar um segmento como o antebraço necessita estar muito bem fixo ao osso. É mesmo essa a função do tendão. Este é formado essencialmente por tecido conjuntivo, sem quaisquer propriedades contrateis e a sua aparência assemelha-se a uma fita ou corda, que possibilita aos músculos inserirem-se nos ossos. Desta forma, toda a força muscular produzida resulta em movimento.
Os ligamentos são tecidos que apresentam algumas semelhanças com os tendões, são formados por tecido fibroso que circundam as articulações e estabelecem ligações entre os vários ossos. Ajudam no reforço e estabilização das articulações, permitindo movimentos somente em determinadas direcções. Como descrito, eles ajudam na estabilidade mas os principais responsáveis são os músculos. Daí a importância de ter músculos saudáveis para preservar os ligamentos e as restantes estruturas articulares.




Fisiot. Miguel Estêvão

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Terapeuta! O que é uma lombalgia?

No que concerne ao significado da palavra lombalgia o mais fácil é decompor-la em duas partes. Uma será "lombar", que como o nome indica se refere à região inferior da coluna vertebral e a outra "algia" que significa dor. Desta forma quando nos dirigimos a um profissional clínico e ele nos diz: -" O que o senhor tem é uma lombalgia", poderemos sempre retorquir: - "Muito obrigado mas isso já eu sei. Vim cá por isso mesmo, doem-me as costas."
Quero com isto dizer que o difícil de diagnosticar é a causa dessa lombalgia e é nisso que os profissionais clínicos se devem centrar. Conhecendo a causa poderemos tratar o origem da lombalgia.
Associado à grande maioria das lombalgias temos o espasmo muscular (por vezes é causa) que poderá funcionar como mecanismo de protecção, através da diminuição da mobilidade local. No entanto as causas de lombalgia podem ser variadas. Tendo no seu cerne alterações mecânicas a lombalgia surge por posturas incorrectas mantidas durante muito tempo (no trabalho), gestos repetidos, esforços exagerados, musculatura em mau estado (sedentarismo) e instabilidade vertebral. Pode ainda ter causas traumáticas ou degenerativas. No leque de causas menos frequentes temos ainda os tumores, alterações metabólicas e endócrinas e dor referida. A dor referida terá uma origem extra coluna lombar, órgãos internos por exemplo, mas que podem desencadear uma lombalgia.
Independentemente da causa e na grande generalidade das lombalgias em fase aguda com espasmo muscular associado a abordagem deve centrar-se em três pontos: -Repouso, Calor e possivelmente Relaxantes Musculares (para este ultimo ponto deverá consultar o seu médico).
É importante que consulte o seu médico ou fisioterapeuta para determinar com exactidão qual a origem da sua lombalgia. Para quem ainda não apresenta dor lombar atente na imagem que se segue e comece a proteger a sua coluna lombar.

Forma correcta para apanhar objectos do solo



Fisiot. Miguel Estêvão

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Terapeuta! Devo alongar ou não?

DEVE!
Os alongamentos (trabalho de flexibilidade) são fundamentais na manutenção de correctas amplitudes articulares, diminuição da sobrecarga articular e manutenção de comprimentos musculares adequados. Um músculo encurtado não funciona de forma adequada pelo que poderá originar lesões musculares, desalinhamento e desgaste articular. Nos dias que correm e tendo em conta o sedentarismo característico destes tempos, posturas incorrectas e encurtamentos musculares são cada vez mais frequentes. O trabalho de flexibilidade é importantíssimo na prevenção de lesões. Para além desta papel preventivo, em alta competição a flexibilidade adquire também papel crucial na potencialização das capacidades técnicas dos atletas.
Vamos tomar como exemplo o músculo quadricípete:
A forma correcta de alongar passa por atingir a amplitude máxima permitida por esse músculo. Neste exemplo o movimento solicitado é a flexão do joelho (levar o calcanhar ao rabo). Ao atingir a amplitude máxima esta deverá ser mantida durante pelo menos 60 segundos. Poderá/deverá sentir dor ligeira. Caso essa dor se torne insuportável, possivelmente a posição adoptada por si não será a correcta, podendo estar a comprometer outras estruturas.  O trabalho de flexibilidade não se realiza "em elástico"; não se balance ao realizar os alongamentos, pois estará a estimular um reflexo de contracção ao invés de alongar.
Os alongamentos devem ser realizados antes e após a actividade física. No primeiro caso deverá realizar um ligeiro aquecimento, 5 a 10 minutos de trabalho aeróbio antes de alongar. Caso não realize qualquer actividade física regular deverá ter o seu próprio programa de flexibilidade e realizá-lo 3 a 5 vezes por semana. Os benefícios deste trabalho surgem se o mesmo for realizado de forma regular durante um largo período de tempo (anos).


Fisiot. Miguel Estêvão

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Terapeuta! Torci o pé. Que devo fazer?

Antes de mais permitam-me esclarecer duas pequenas questões. Objectivamente quando se diz "torci o pé" o que realmente acontece é uma entorse da articulação tibio-társica. Por outro lado a lesão propriamente dita não é a entorse em si, pois uma entorse é o mecanismo da lesão. Podemos ter uma entorse de tibio-társica, uma torção do joelho mas isso são mecanismos. Na sequência destes mecanismos podem resultar roturas ligamentares, meniscais ou até lesões condrais, isto sim lesões.
De qualquer forma vamos assumir o entorse de tibio-társcia como lesão neste post e classificá-la.
Existem três graus: I, II e III

Grau I                                Grau II                                       Grau III
 - Estiramento ligamentar   - Rotura ligamentar parcial             - Rotura total ligaments
 - Possível edema ligeiro     - Edema considerável                     - Grande edema
 - Sem sinais de derrame    - Possível presença sinais derrame   - Derrame evidente
 - Estabilidade mantida       - Instabilidade ligeira/moderada       - Grande instabilidade

O tratamento desta lesão inicia-se logo após a ocorrência da mesma, pois muitas não são tratadas precocemente ou são mal reabilitadas e desenvolvem problemas/queixas crónicos. A instabilidade é também um problema resultante de entorses de tibio-társica mal recuperados e que pode conduzir a nova lesão.
A abordagem inicial (fase aguda) a este tipo de lesão resume-se a 4 letras: 
RICE -  Rest, Ice, Compression, Elevation. 
A primeira é simples e corresponde a Descanso; em relação ao Gelo deve ser colocado a cada duas horas por um período de 20 minutos; A Compressão deverá ser realizada por uma ligadura funcional (a realizar pelo seu Fisioterapeuta) ou caso não seja possível ir a uma consulta de Fisioterapia poderá utilizar um pé elástico à venda nas farmácias (menos eficaz); por fim a Elevação, mantendo o pé elevado e apoiado.
Como referi anteriormente deve consultar o seu Fisioterapeuta de imediato e iniciar tratamentos. A terapêutica RICE será aplicada entre tratamentos, em sua casa. Os tratamentos terão como objectivos a diminuição de edema, repor amplitudes articular, potenciar/acelerar processo cicatrização tecidular, prevenir/eliminar a formação de aderências/fibroses, realização de trabalho proprioceptivo e estimular/fortalecer a musculatura envolvente.
O que não deve realizar na fase aguda da sua lesão:
HARM - Heat, Alcool, Running, Massage


Fisiot. Miguel Estêvão

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Terapeuta! Faço Gelo ou Calor?

Esta é uma excelente questão e já me foi colocada dezenas de vezes.
Antes de se optar por uma destas medidas terapêuticas é fundamental identificar o tipo de lesão. Sem me alongar muito quanto aos vários tipos de lesão existentes (talvez num próximo post) vamos centrar-nos nas lesões traumáticas. Na sequência deste tipo de lesões, geralmente, decorre um processo inflamatório caracterizado por 4 sinais específicos: Edema, calor, rubor e dor. Nesta situação o gelo deverá ser aplicado o mais cedo possível, visando a diminuição da temperatura, do aporte sanguíneo, provocando vaso-constrição e  algum efeito analgésico. O gelo será aplicado com uma pressão adicional (uso de ligadura) e por um período de 20 minutos, nunca superior. Este processo deverá ser repetido a cada duas horas e nunca com um intervalo de tempo inferior. A aplicação de gelo ocorre na fase aguda (primeiros 3 a 5 dias) de lesões traumáticas, no entanto, poderá ser utilizado em lesões crónicas após exercício, controlando assim possível edema residual.
Existem algumas alternativas na aplicação de gelo como é o caso do banho de imersão ou a aplicação de gelo dinâmico.

Os principais efeitos da aplicação de calor prendem-se com o relaxamento dos tecidos, aumento da elasticidade dos mesmos, aumento do aporte sanguíneo e da temperatura. Mediante isto esta abordagem deverá ter lugar em situações crónicas, de aumento de rigidez muscular (contractura) e articular.
Este técnica deve ser aplicada por períodos de 15 a 20 minutos. Existem no mercado umas almofadas de gel para este efeito mas também se poderá utilizar o tradicional saco de agua quente.

Em ambos os casos atenção para as pessoas com alterações de sensibilidade superficial. Tanto o gelo como o calor podem provocar queimaduras graves. A utilização de toalhas é indicada, evitando assim o contacto directo com a pele.



Fisiot. Miguel Estêvão