quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Existem alternativas à artroplastia (prótese) da anca?

O que é a Osteoartrose?

A osteoartrose é uma doença que atinge, fundamentalmente, a cartilagem articular, que é um tecido conjuntivo elástico que se encontra nas extremidades dos ossos que se articulam entre si. A cartilagem articular é nutrida pelo líquido articular ou líquido sinovial. Este líquido articular, que é muito viscoso, contribui para lubrificar a articulação, facilitando os seus movimentos, e permitindo que nas articulações saudáveis as cartilagens deslizem umas sobre as outras sem atrito, isto é, sem desgaste. A cartilagem articular é constituída por células chamadas condrocitos, água e por substâncias proteicas produzidas por estas células e chamadas, respectivamente, proteoglicanos e fibras de colagénio.

Na osteoartrose os condrocitos vão morrendo e produzem menor quantidade de proteoglicanos e de colagénio. Em consequência disto a cartilagem articular ulcera e o osso que está por debaixo da cartilagem, chamado osso sub-condral, reage, espessando-se e dando origem a excrescências ósseas chamadas osteófitos. Os osteófitos são conhecidos entre o grande público pelo nome de "bicos de papagaio", porque alguns deles, ao raio-X, dão imagens que lembram precisamente o bico de um papagaio.

Sintomas

Os principais sintomas da osteoartrose são a dor, a rigidez, a limitação dos movimentos e, em fases mais avançadas, as deformações.

A dor tem um ritmo, isto é, um modo de ser ao longo do dia, que se convencionou chamar mecânico.

O ritmo mecânico é caracterizado pelo facto das dores se agravarem ao longo do dia, com os movimentos e com os esforços, e melhorarem quando o doente repousa, em particular quando se deita. Regra geral, os doentes com osteoartrose não têm dores durante a noite e dormem bem, embora em alguns casos muito avançados de artroses das ancas e dos joelhos, as dores possam, também surgir durante a noite. A rigidez surge sobretudo, ao iniciar os movimentos, como por exemplo, no doente que está sentado e se levanta e surge, também, de manhã ao acordar. A rigidez da osteoartrose é de curta duração, não ultrapassando os 30 minutos. A limitação de movimentos pode surgir precocemente, ao contrário do que acontece com as deformações que, em regra, são tardias.

Exercícios e recomendações para a artrose da anca.

1. 10 minutos diários de bicicleta estática (roda livre)

2. Caminhadas em piscina aquecida (ou classes para artrose da anca – com fisioterapeuta)

3. Calor de manhã visando diminuir a rigidez articular e a dor

4. Gelo à noite visando controlar a dor e a resposta inflamatória

5. Diminuição de peso é fundamental

6. Toma de suplementos com Condroitina, Glucosamina e Omega-3 pode ajudar.

7. Uma boa flexibilidade de toda a musculatura responsável pelos movimentos da articulação conduzirá um aumento da mobilidade da mesma e possivelmente a uma diminuição das queixas.

8. Para além disso e de forma individual pode realizar os seguintes exercícios visando aumentar o conforto/estabilidade e simultâneamente a diminuição da dor.
Deitado de costas, tente encostar o joelho ao peito com ajuda das mãos e braços. Repetir 10 vezes cada membro

Deitado de costas, afastar os tornozelos e tornar a juntá-los. Pode também rodar os pés para dentro e para fora. Repetir 20 vezes.

Deitar-se simplesmente de barriga para baixo durante 10-15 minutos e elevar a perna, esticada,mantendo-a no ar durante 10 segundos.

Colocar um elástico forte ou um cinto à volta dos tornozelos para a que fiquem um pouco apertados. Tente afastá-los durante 10 segundos. Repita 10 vezes.


Fonte: Liga Portuguesa contra doenças reumáticas

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Como exercitar os músculos do períneo

Os passos para fortalecer músculos fundamentais para uma vida sexual plena

O primeiro passo consiste na consciencialização de onde ficam estes músculos.

Para isso deve sentar-se ou deitar-se, afastando ligeiramente as pernas e descontraindo as nádegas, as pernas e a barriga. De seguida, aperte os músculos em torno do ânus. Depois, descontraia, respire e volte a contrair. Faça-o várias vezes até ter a certeza de que está a exercitar os músculos certos.

A fisioterapeuta e especialista em saúde da mulher Fátima Sancho sugere o chamado truque da ervilha. Estes são os passos que deve seguir para o executar:

- Imagine que tem uma ervilha colocada perto do ânus. Tente agarrá-la com esses músculos. Aperte, contraindo as fibras musculares em torno do ânus e da vagina.

- De seguida, puxe para cima. Imagine que está a sugar a ervilha, com esses músculos, em direcção ao umbigo. Ao conseguir imaginar esse processo deve tentar repeti-lo várias vezes por dia ou por semana, sempre que puder, exercitando assim toda a musculatura pélvica.

- Pode optar por fazer várias repetições, o maior número que conseguir, contraindo e relaxando continuamente durante alguns minutos, ou contrair e suster a contracção durante, pelo menos, oito segundos (cada uma das opções trabalha diferentes fibras musculares do períneo, pelo que devem ser feitas em complementaridade).

Como com qualquer outro músculo, pode sentir algumas dificuldades no início mas, dia após dia, vai conseguir fazer mais repetições e/ou aguentar mais tempo de contracção. Pronta para começar a treinar?

E se me esquecer?

Segundo a especialista Fátima Sancho, o ideal será associar as contracções do eríneo a determinados momentos da rotina do dia-a-dia. Por exemplo, quando viaja de autocarro ou de metro a caminho do trabalho ou quando está parada nos semáforos. É um  exercício discreto que exige apenas alguma concentração para saber se está fazê-lo  correctamente. E se, sempre que passar por um sítio  específico, dedicar alguns  segundos ou minutos fazer as contracções, para a próxima não se vai esquecer.

Um exercício preventivo

A nível preventivo, numa pessoa não doente, trabalhar o períneo permite:

- Prevenir e mesmo curar a incontinência urinária de esforço (ao espirrar, ao tossir, durante o riso, entre outros comportamentos semelhantes).

- Facilitar a gravidez e o decorrente aumento de peso que acontece durante esse período, bem como o parto.

- Potenciar uma recuperação pós-parto mais rápida, promover a satisfação sexual e evitar o prolapso (descaimento) dos órgãos sustentados pelo tecido pélvico.

Ajuda extra
Se sentir dificuldades em localizar o períneo existem técnicas que a ajudam.  Deverá contactar um centro de fisioterapia onde a podem encaminhar para  sessões de reeducação perineal. Nestas sessões, o especialista poderá recorrer à técnica de biofeedback, usando um aparelho ligado a uma sonda identifica os movimentos musculares que está a efectuar, desenhando-os num monitor, para que possa ver se está a trabalhar o períneo correctamente. Alguns especialistas recorrem também à electroestimulação, que promove a  contracção involuntária dos músculos através de correntes eléctricas de  intensidade adequada.

De qualquer forma, a fisioterapeuta Fátima Sancho ressalva que estas técnicas são úteis em casos mais problemáticos quando o/a paciente não consegue identificar o períneo e devem servir apenas como complemento de um treino autónomo, visto que «é clinicamente mais eficaz ensinar a própria pessoa a reconhecer os músculos e a saber como se contraem», refere.

Texto: Ana Catarina Alberto com Fátima Sancho (fisioterapeuta, especialista em saúde da mulher, membro da Associação Portuguesa de Fisioterapia)

terça-feira, 14 de junho de 2011

Tenossinovite de Quervain

A tenossinovite de Quervain é uma inflamação da bainha do longo abdutor e do curto extensor do polegar, no 1º compartimento radial do punho. Estes músculos são responsáveis pelo movimento de "afastar" o polegar dos restantes dedos. Sem entrar em grandes pormenores é necessário explicar que estes tendões atravessam um túnel que lhe permite "realizar força" sem que o sentido desta se altere. O consequente processo inflamatório da bainha causa a diminuição do espaço existente, comprimindo desta forma os tendões e dificultando/impossibilitando o seu deslize.

Esta situação está associada principalmente a gestos repetidos e a sobrecarga das atividades diárias das mãos e punho. Em alguns casos não há uma causa bem definida, porém pessoas que passam horas ao computador sem realizar as devidas pausas e exercicios de alongamento para mãos e punhos podem desenvolver este processo inflamatório.Todos os restantes trabalhos manuais repetitivos podem estar na origem desta tenossinovite. Os estudos indicam ainda que as mulheres a rondar os 50 anos são o grupo mais afectado. É igualmente comum o surgimento de sintomas no pós-parto. Isto deve-se a todos os cuidados prestados ao bebé e está directamente relacionado com o mau posicionamento das mãos nessas actividades.

A sintomatologia numa primeira fase surge de forma súbita caracterizando-se por dor mecânica e ardor. Essa dor pode estender-se à mão e ao cotovelo e ombro. Sinais inflamatórios como edema, rubor e calor podem também surgir nesta fase.
Numa segunda fase os principais sinais inflamatórios diminuem assim como a função daquele segmento. É também visível ligeira diminuição da força dos músculo afectados e rigidez articular com ligeira deformidade.
Na fase crónica da patologia a presença de deformidade é evidente acorrendo atrofia das várias estruturas afectadas.

O que deve fazer nesta situação:
O mais sensato nestas situações passa por iniciar a aplicação de gelo local e repouso, com o auxílio de uma ligadura funcional ou ortotese específica.
Numa fase inicial os sintomas podem ser atenuados ou até eliminados com a alteração dos gestos repetido/incorrectos. Se essa causa for abolida a sintomatologia desaparece.
Desta feita torna-se imperativo consultar o seu Fisioterapeuta ou Médico de forma célere.

A abordagem da Fisioterapia terá obrigatoriamente que ser realizada numa perspectiva global. Os tratamentos não se cingem ao punho e dedo; todo o membro superior, coluna vertebral, alterações posturais devem ser avaliados e corrigidos. Para além disso todos os comportamento/gestos desencadeantes devem ser identificados e posteriormente corrigidos/eliminados. Somente com esta abordagem global se torna possível obter resultados e perpetuá-los.


Elaborado com a colaboração da Ft. Ana Catarina Almeida

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Síndrome das Pernas Inquietas (SPI)

O que é Síndrome das Pernas Inquietas?

É uma sensação incómoda, não dolorosa, dentro das pernas que provoca uma irresistível vontade de as movimentar. Algumas pessoas descrevem-na como: “comichão nos ossos”, “alfinetadas”, “insectos caminhando pelas pernas”, “pernas querendo dançar sozinhas”, “formigueiro”, “desconforto/ardor”. Seja qual for a sensação, ela vem acompanhada por uma necessidade de mexer as pernas. Muito menos frequente mas pode surgir nos braços.
Os sintomas pioram ou só aparecem quando o indivíduo está descansando e desaparecem com movimento. Pioram à noite, especialmente ao deitar. É possível verificar movimentos dos pés dedos e pernas quando se está sentado ou deitado. Essa inquietação pode ser interpretada erroneamente como nervosismo.
Os sintomas de SPI podem causar dificuldade para adormecer e permanecer dormindo. Aproximadamente 80% das pessoas com SPI têm também movimentos periódicos dos membros durante o sono (PLMS), esses pequenos espasmos acontecem a cada 20-30 segundos durante toda a noite, causando "microdespertares" que interrompem o sono.
Devido a essa dificuldade em dormir e manter-se no sono, as pessoas sentem-se cansadas e sonolentas durante o dia, aumentando a irritabilidade, dificuldade em lidar com o stress, depressão, dificuldade de concentração e memória. Tendo em conta a necessidade de movimentar as pernas, longas viagens e actividades de lazer são quase impossíveis.

Causas e consequências

Muitas pesquisas estão sendo realizadas e as respostas são limitadas, mas já podemos afirmar que a SPI pode ter causas distintas.
A SPI surge na sequência de uma influência genética muito forte. Pesquisas já determinaram que os genes do cromossomo 12 ou 14, dependendo da família, são os responsáveis. Essa forma de SPI é conhecida como primária ou familiar.
A SPI quando resultante de outras condições, adquire a designação de SPI secundária. Durante a gravidez, 15% das mulheres desenvolvem SPI. Os sintomas desaparecem depois do parto. Anemia e baixos níveis de ferro no sangue também são associados a sintomas de SPI, assim como outras doenças crônicas (neuropatia, problemas renais). Estudos recentes apontam para a associação entre SPI e Transtornos de Hiperatividade e Déficit de Atenção (TDAH).
Se não tem história de SPI na família e os sintomas não estão associados a outras condições, então a doença é chamada idiopática (sem causa).

Embora o diagnóstico seja feito em pessoas de meia idade, muitos deles podem lembrar-se de sintomas já presentes na infância, principalmente naqueles com SPI familiar. Esses sintomas na infância podem ter sido diagnosticados como dor de crescimento ou hiperatividade, porque a criança não parava quieta na hora da aula. Crianças inquietas, hiperativas que pedem para massajar as pernas na hora de dormir podem estar manifestando a SPI.

O diagnóstico de SPI é feito através da história clínica e da descrição das sensações. Não há exames laboratoriais que confirmem o diagnóstico, mas estes podem ser feitos para afastar outras doenças do sono. Análises sanguíneas são necessárias para medir a deficiência de ferro.


Tratamento

O tratamento oferecido tem como objetivo aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida das pessoas com SPI, mantendo o equilíbrio entre riscos e benefícios.
Se uma deficiência de ferro for detectada, utiliza-se suplemento de ferro, vitamina B12, que pode ser suficiente para acabar com os sintomas. Como o uso de certas substâncias em quantidades inadequadas pode causar intoxicação, recomenda-se a avaliação, prescrição e acompanhamento médico para a utilização da suplementação de ferro.
Quase 25% dos pacientes com SPI têm seus sintomas originados ou agravados, pela utilização de outros medicamentos. Esses fármacos incluem inibidores do canal de cálcio (usados para tratar hipertensão e problemas cardíacos), medicamentos anti-náusea, alguns medicamentos para gripes e alergias, tranqüilizantes, fenitoína e medicamentos utilizados para tratar depressão.
O estilo de vida, certos hábitos e costumes podem piorar os sintomas de SPI. Uma boa regulação do sono deve ser seguida, pois a fadiga e sonolência tendem a piorar os sintomas. Regulação do sono significa encontrar o melhor horário para adormecer e acordar e mantê-lo todos os dias, dormindo o mesmo número de horas. Exercícios físicos moderados são recomendados até seis horas antes do horário de dormir. Para algumas pessoas, ao contrário, exercícios físicos logo antes de dormir são benéficos.
Uma dieta equilibrada pode ser importante para diminuir a gravidade da doença. Apesar da cafeína aparentemente melhorar os sintomas, ela os intensifica e os atrasa para mais tarde durante noite. A melhor solução é evitar todos os produtos com cafeína: café, chá mate, chá preto, refrigerantes, chocolate e alguns medicamentos. O consumo de bebidas alcoólicas aumenta a intensidade dos sintomas; de novo a melhor solução é evitá-las.
Certas atividades físicas como banho quente, massagens, técnicas de relaxamento, trabalhos manuais, alguma outra atividade que mantenha a mente ocupada, podem ser benéficas, mas dependem da gravidade dos sintomas de cada pessoa. Algumas pessoas não conseguem encontrar alívio com qualquer atividade e precisam de medicamentos.

Não há um medicamento aprovado especialmente para o tratamento da SPI, mas outros medicamentos aprovados para outras doenças são utilizados. São eles: agonistas dopaminérgicos, sedativos, medicações para dor e anticonvulsivantes. Cada droga tem seus benefícios, limitações e efeitos colaterais. A escolha da medicação depende da gravidade dos sintomas.
A primeira escolha para tratar SPI são os agonistas dopaminérgicos, entre eles o pramipexol. Embora esta classe de medicamentos seja utilizada para tratamento da Doença de Parkinson, a SPI não é uma forma de parkinsonismo. Todo medicamento deve ser iniciado com baixas doses e de forma lenta para minimizar os efeitos colaterais. A carbidopa/levodopa tem sido usada por mais tempo, mas recentemente descobriu-se um problema que ela pode provocar: o aumento dos sintomas. Apesar de a dose ser suficiente para propiciar uma boa noite de sono, as sensações e a urgência para mexer as pernas vai se intensificando e aparecendo mais cedo no dia (à tarde ou pela manhã). Quando isso acontece, provavelmente deve-se trocar a medicação, mas isso não pode ser feito de modo abrupto. Procure seu médico e veja com ele qual a melhor solução.

A informação é o primeiro passo contra a SPI. O melhor tratamento requer uma boa interação entre você e seu médico, para um diagnóstico correto e eficácia no alívio dos sintomas, se for possível, sem uso de medicamentos. Mas se você precisar de medicação, a escolha da droga e a dosagem devem ser bem cuidadosas. Medicamentos sozinhos ou em conjunto com outros podem funcionar bem para alguns e não para outras pessoas.
Porque não se tem um tratamento único e efetivo para a SPI, pesquisas continuam sendo realizadas e são de vital importância. Enquanto isso não for bem definido, o trabalho junto com seu médico, a procura de tratamentos não medicamentosos e a interação com grupos de suporte (como a Associação Brasileira da Síndrome das Pernas Inquietas) ainda são ajudas fundamentais para se viver bem e com qualidade apesar da SPI.


Fonte: Associação Brasileira da Síndrome das Pernas Inquietas – ABRASPI 

terça-feira, 17 de maio de 2011

Que devo comer na véspera e no dia da competição?

Ao contrário do que vem sendo apanágio em certas classes profissionais neste nosso país quero deixar claro que não é de todo minha intenção falar-vos de um assunto para o qual não estou habilitado. Nesta medida consultei um profissional da área, Dietista, que me auxiliou na elaboração de pequenas dicas sobre alimentação na véspera e em dia de jogo para atletas mais ou menos profissionais. Como o nome indica isto são pequenas dicas que visam auxiliar os atletas que não tenham possibilidade de consultar um Dietista. Este texto não substitui uma consulta e consequentes aconselhamentos por parte destes profissionais. Os verdadeiros objectivos atingem-se com dietas aplicadas diariamente e ao longo de anos. Comer bem somente uma vez por semana e praticamente igual a nada. É celebre a frase: -"Nós somos aquilo que comemos". Para além disso o desempenho de qualquer atleta depende mais da sua alimentação diária do que somente da sua alimentação em dia de jogo.
Desta forma e uma vez que não deixa de ser bastante importante, deixo-vos com pequenas dicas sobre o que devem e não devem fazer na véspera e no dia de competição:


  • Não ingerir alimentos de digestão difícil como são exemplos as batatas, feijão, grão, favas, ervilhas (...) A ingestão deste tipo de alimentos aumenta o risco de uma má digestão e o aparecimento de cólicas abdominais.
  • Não ingerir alimentos com muita gordura como são exemplo os" fritos" ou manteiga e queijo. As gorduras atrasam a digestão, para além de todos os malefícios sobejamente conhecidos.
  • Não ingerir bebidas com propriedades diuréticas como Coca-cola, certos chás e álcool. Tais propriedades podem conduzir a desidratação.
  • Aumentar consideravelmente a ingestão de água na véspera e em dia de competição principalmente no período entre a ultima refeição e a competição. Na hora que antecede a competição deve ingerir meio litro de água. A hidratação deve ser sempre realizada de forma faseada e em pequenas quantidades.
  • As refeições devem ser ricas em hidratos de carbono. De entre muitas funções os hidratos de carbono têm um papel fundamental durante a realização de exercício físico, uma vez que são os principais fornecedores de energia para o desempenho da actividade muscular. As principais fontes de Hidratos são as massas, arroz, cereais e vegetais.
  • Devendo a refeição no dia da competição ser preferencialmente rica em Hidratos de carbono (exemplo: esparguete à carbonara) o atleta deverá/poderá associar peixe/carne grelhada (em pequena quantidade), saladas e legumes.
  • É importante realizar refeições até, no máximo, 3 horas antes do exercício físico. Caso o jogador sinta fome entre esta refeição e o jogo, poderá ingerir pequenas quantidades de hidratos de carbono de baixo índice glicémico e fáceis de ingerir, como por exemplo 2 a 3 bolachas Maria.
  • Nas duas horas que precedem o esforço não deve ingerir açucares simples ou outros glícidos de alto índice glicémico, podendo originar hipoglicemia reactiva.

Elaborado com a colaboração do Dietista Rúben Correia

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Como devo usar as minhas canadianas?

O senso comum nem sempre é sinónimo de verdade e o exemplo do uso das canadianas é um desses casos. Muitas duvidas surgem na altura de usarmos este auxiliar de marcha e as respostas geralmente não são as correctas. Vou falar-vos do tipo mais comum de canadianas existente no nosso país, com a tradicional pega e apoio de antebraço. 
Vamos começar exactamente pelo ajuste destes dois componentes. O apoio de antebraço deve encontrar-se logo abaixo do cotovelo ao passo que a pega encontrar-se-á ao nível do grande trocanter, osso facilmente palpável na sua "anca". (ver imagem)

Depois de ajustar a altura da canadiana passamos à sua utilização propriamente dita. Numa fase inicial, em que o paciente não pode exercer carga no membro afectado, a utilização de duas canadianas é imperativa. Desta forma avançamos os dois auxiliares de marcha em simultâneo e de seguida o membro são, e assim sucessivamente.
Quando é possível colocar alguma carga no membro afectado utilizamos igualmente dois auxiliares de marcha mas desta feita avançamos os dois em simultâneo seguidos do membro afectado e por ultimo o membro são.

Sendo possível colocar mais de 50% de carga no membro afectado passamos a utilizar somente uma canadiana. Mas em que lado a colocamos? Antes de continuar faça o seu raciocínio e tente descobrir de que lado a devemos colocar...
Ao caminharmos normalmente, sem qualquer lesão, quando avançamos o membro inferior direito o braço esquerdo acompanha esse movimento. Quando movemos o membro inferior esquerdo é o braço direito que o acompanha e avança. Imagine um soldado a marchar. Desta forma colocamos o auxiliar de marcha do lado oposto ao membro afectado, não só pelo que vos acabo de explicar mas principalmente para retirarmos carga do lado afectado quando avançamos o membro são. Caso contrário quando avançassemos o lado são toda a carga ficaria do lado afectado.

Existem ainda outras formas de utilização deste tipo de auxiliares de marcha para todo um leque de situações específicas, assim como toda uma vasta gama de produtos que o podem ajudar na sua locomoção. Deixo-vos com estas pequenas dicas que no meu entender são as principais duvidas/erros existentes na utilização deste material. 

Não deixe de questionar o seu Médico ou Fisioterapeuta antes de utilizar qualquer auxiliar de marcha


Ft. Miguel Estêvão

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Relato de uma estudante de Terapia da Fala sobre enfermagem de "reabilitação"


Olá Terapeutas,

No decurso do meu estágio numa Unidade de Convalescença deparei-me com uma situação que passo a partilhar: 

Está preparada a Proposta de Decreto-Lei que define as competências da Enfermagem de Reabilitação, na qual são referidas funções/competências do trabalho do Terapeuta da Fala.
Do mesmo modo, numa das pesquisas que realizei na internet deparei-me com um documento, elaborado por Enfermeiros de Reabilitação, com casos clínicos onde são estabelecidos objectivos de intervenção na área da
comunicação, deglutição e motricidade orofacial. Poderão aceder ao documento no site www.aper.com.pt/index_ficheiros/2010CL14.pdf,

Parecendo-me que se trata de mais um caso que ameaça o exercício da Terapia da Fala, uma vez que na perspectiva economicista actual, poderão começar a surgir situações em que um Enfermeiro de Reabilitação poderá vir a substituir 3 técnicos (Terapeuta da Fala, Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional - dadas as competências definidas na proposta de dec-lei), considero importante para a Terapia da Fala que haja uma mobilização no sentido de que sejam tomadas medidas junto de entidades superiores. 


Sem mais, agradeço a atenção dispensada
Elisabete Gama
4º Ano Terapia da Fala

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Circular Informativa - Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais


No dia 18/02/2011, foram publicadas na II série do Diário da República, pela Ordem dos Enfermeiros, as competências para os Enfermeiros Especialistas, através do Regulamento125/2011 – Regulamento das Competências Específicas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação, facto que nos merece a seguinte apreciação:

Reconhecemos que assistem às Ordens Profissionais poderes regulamentares, daí a sua relevância para a defesa da profissão que representam, para identificarem as condições de atribuição, dentro dessa profissão, de títulos profissionais. Nada nos move, portanto, contra a regulamentação das especialidades de enfermagem, enquanto instrumento de qualificação profissional, circunscrito exclusivamente a actos de enfermagem e à profissão de enfermeiro.

Mas não é lícito que, com base e a pretexto dessa regulamentação, se altere o domínio da profissão que a Ordem dos Enfermeiros representa, de modo a que este passe também a abranger actividades que estão reservadas por Lei a outras profissões regulamentadas na área da saúde.

É o que se passa com a fixação, por via desse regulamento 125/2011 da Ordem dos Enfermeiros, das competências da enfermagem de reabilitação que invadem, objectivamente, as que legalmente caracterizam a actividade de fisioterapia e terapia ocupacional, senão vejamos:

Constituindo-se a fisioterapia e a terapia ocupacional num conjunto de cuidados de saúde, regulados por Decreto Lei, e próprios dos terapeutas, dos quais constam terapias manipulativas, meios físicos e naturais, compreendendo a respectiva avaliação, diagnóstico funcional, planeamento, intervenção e reavaliação, não pode esta actividade ser substituída por um qualquer conhecimento empírico, obtido em
sede de uma qualquer especialização por indivíduos que não sejam terapeutas.

Ora, as competências estipuladas naquele regulamento 125/2011, constituem uma violação ao conteúdo profissional dos terapeutas. Com esta regulamentação, os enfermeiros passariam a ser OS profissionais de saúde. Com um regulamento de competências de tal forma alargado que, todos os outros profissionais de saúde passariam a ser dispensáveis, pois, eles poderiam diagnosticar, prescrever, tratar
e tudo o mais que lhes aprouvesse.

Aliás, as competências dos fisioterapeutas e dos terapeutas ocupacionais são tão claras quanto, no seu histórico legislativo, contam com sucessivos diplomas que não deixam qualquer dúvida: Portaria 256 - A/86, de 28 de Maio, Dec. Lei 261/93, de 24 de Julho, Dec. Lei 320/99, de 11 de Agosto e Dec. Lei 564/99, de 21 de Dezembro, fixando este último:

“Fisioterapeuta — centra-se na análise e avaliação do movimento e da postura, baseadas na estrutura e função do corpo, utilizando modalidades educativas e terapêuticas específicas, com base, essencialmente, no movimento, nas terapias manipulativas e em meios físicos e naturais, com a finalidade de promoção da saúde e prevenção da doença, da deficiência, de incapacidade e da inadaptação e de tratar, habilitar ou reabilitar indivíduos com disfunções de natureza física, mental, dedesenvolvimento ou outras, incluindo a dor, com o objectivo de os ajudar a atingir a máxima funcionalidade e qualidade de vida;”

Terapeuta Ocupacional - avaliação, tratamento e habilitação de indivíduos com disfunção física, mental, de desenvolvimento, social ou outras, utilizando técnicas terapêuticas integradas em actividades seleccionadas consoante o objectivo pretendido e enquadradas na relação terapeuta/utente; prevenção da incapacidade através de estratégias adequadas com vista a proporcionar ao indivíduo o máximo de desempenho e autonomia nas suas funções pessoais, sociais e profissionais e, se necessário, o estudo e desenvolvimento das respectivas ajudas técnicas, em ordem a contribuir para uma melhoria da qualidade de vida;

Nos termos da legislação nacional e comunitária, está-se perante uma profissão regulamentada quando determinadas actividades, competências e conteúdos funcionais estão reservados a quem seja possuidor de um determinado título profissional, neste caso o titulo de Fisioterapeuta ou de Terapeuta Ocupacional.

Dada a hierarquia das normas jurídicas, não pode um regulamento, mesmo que emitido por uma Ordem Profissional, alterar as disposições de uma Lei quanto à regulação das condições de atribuição destes títulos profissionais e identificação das respectivas actividades, competências e conteúdos funcionais.

Quem, não tendo o título profissional exigido por Lei para exercer as funções de Fisioterapeuta ou Terapeuta Ocupacional, mesmo assim as desenvolva, está a cometer um crime de usurpação de funções, previsto e punido no Código Penal. Tal como também comete este mesmo crime quem, não tendo o título profissional de Enfermeiro, exerça actividades de enfermagem.

Assim, todas as actividades de enfermagem que, em matéria de reabilitação, compreendam intervenções para além do posicionamentos, mobilizações passivas, transferências e treino vesical, são objectivamente uma invasão das competências próprias dos terapeutas e, por constituírem um crime de usurpação de funções, devem ser comunicadas às entidades reguladoras e fiscalizadoras, e encaminhadas para os tribunais.

domingo, 27 de março de 2011

O meu médico diz que tenho ciática. O que quer dizer?

Quando alguém lhe diz que sofre de ciática significa que o seu nervo ciático sofre de um processo de compressão e/ou irritação. A dor causada por estes processos é chamada de dor ciática. Mais uma vez a dor ciática não é um diagnóstico mas sim um sintoma. As causas mais comuns são de origem lombar, nomeadamente, hérnia discal, estenose e espondilolistese. Todas estas situações, de forma mais ou menos directa, acabam por gerar compressão a nível da raiz do nervo, desencadeando toda a sintomatologia característica. 
Referi causas de origem lombar pois existem outros factores/causas que podem desencadear dor ciática mas que não têm na sua génese as alterações degenerativas da região lombar. Um desses exemplos é a contractura do piramidal/piriforme, músculo profundo da região glútea. O nervo ciático passa junto a este músculo na maioria dos casos e em 15% da população passa mesmo através deste dividindo-o em duas partes. Uma contractura do piramidal vai desencadear um processo irritativo no nervo e despoletar toda a sintomatologia. 
Alterações posturais, encurtamentos musculares e até quedas podem também desencadear este quadro.
A sintomatologia de uma compressão/irritação do nervo ciático caracteriza-se principalmente por dor localizada na região lombar e/ou região glútea, dor irradiada em parte ou na totalidade do trajecto do nervo ciático, formigueiro, dormência e perda de força no membro afectado.
O aumento da temperatura a nível das regiões lombares e glútea pode aliviar a sintomatologia assim como os dois exercicios de flexibilidade que apresento de seguida. 
De qualquer forma não deixe de consultar o seu Fisioterapeuta. 




Ft. Miguel Estêvão

terça-feira, 1 de março de 2011

Terapeuta! Qual a diferença entre Concussão e Contusão cerebral?

Embora existam inúmeras maneiras de definir concussão, cujo conceito é ainda controverso, apresento-vos a definição formulada pela Associação Americana de Neurologia em 1997: “Concussão Cerebral é uma alteração traumática induzida no estado mental que pode ou não envolver perda da consciência.” (Kelly e Rosenberg, 1997).

Uma Concussão Cerebral resulta de um traumatismo craniano que produz forças rotacionais bruscas e/ou pequenos impactos do cérebro, que dão origem a alterações neurológicas temporárias, tais como perda de memória, confusão, desorientação, desequilíbrio, sonolência e conversa sem sentido. Essas alterações duram alguns segundos/poucos minutos, dependendo do grau de severidade da concussão.

Existem vários graus para classificar as concussões, estando organizados da seguinte forma:

Grau 1:
É definido como uma confusão transitória, sem perda da consciência, com os seguintes sintomas possíveis: cefaleia e/ou náuseas e/ou alterações mentais ligeiras, que se resolvem em menos do que 15 minutos.

Grau 2:
É definido como uma confusão transitória, sem perda da consciência, com sintomas ou alterações do estado mental evidentes que permanecem por mais de 15 minutos.

Grau 3:
O grau três é definido como qualquer perda de consciência por qualquer período de tempo - segundos ou minutos. Usualmente é fácil de reconhecê-lo, pois o indivíduo está inconsciente.

Por outro lado uma Contusão Cerebral resulta de um traumatismo mais violento. O impacto do cérebro no crânio provoca um ferimento que pode envolver derrame sanguíneo e edema/inflamação. Imaginemos um ovo, em que a casca é o crânio, a clara o liquido cefalorraquidiano e a gema o cérebro. Se agitarmos esse ovo com violência a casca mantêm-se intacta mas a gema, apesar da clara absorver alguns impactos, sofre vários traumatismos contra a parede do ovo. Daí resulta a contusão cerebral, que pode estar associada a fractura craniana.
Os sintomas são muito mais assustadores do que numa Concussão Cerebral: inconsciência demorada, convulsões, vómitos, alterações na linguagem, para além dos sintomas característicos de uma concussão.

Desta forma e perante qualquer um destes sinais a pessoa que sofre um traumatismo craniano deve de imediato consultar um Médico a fim de obter o diagnóstico exacto da sua lesão.




Ft. Miguel Estêvão

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Lesões musculares. Quais são e o que posso fazer?

Toda a gente já teve ou acabará por ter uma lesão muscular. Mais ou menos grave, com maior ou menor tempo de incapacidade, as lesões musculares são muito frequentes. As causas de lesões musculares são muito variadas. Vamos por isso falar individualmente de cada um dos diferentes tipos de lesão muscular e apresentar as causas, sinais e sintomas de cada uma delas.
Assim sendo vamos falar de rotura, estiramento(distensão), cãibra e contractura.

Rotura Muscular
A rotura muscular surge geralmente na sequência de uma contracção forte (mudança bruscas de velocidade e/ou direcção, num salto ou num remate) ou de um traumatismo directo violento. A dor é intensa, localizada e muito incapacitante. Os indivíduos que contraem este tipo de lesão nuns casos descrevem o momento como uma picada/facada, noutros como se tivessem sentido um "estalo". Associado à rotura muscular poderemos encontrar edema, derrame(equimose) e espasmo muscular/aumento de tonus no músculo afectado. É possível ainda encontrar dor à palpação, ao alongamento e à contracção. O caso mais grave deste tipo de lesão é a rotura total. Nestes casos o músculo lesado perde toda a sua função.
O que deve e o que não deve fazer nas primeiras horas passa pela aplicação da terapêutica RICE e HARM explicadas no primeiro artigo desde blog.
Se tiver a certeza que está perante uma rotura muscular NÃO administre/tome qualquer tipo de anti-inflamatório. A resposta inflamatória é crucial no processo de reparação tecidular. Devemos controlar mas nunca inibir essa resposta.
Os exames complementares de diagnóstico indicados para esta lesão são ecografia e Ressonância Magnética.
Assim que possível consulte o seu  Fisioterapeuta ou Médico

Estiramento Muscular
Vamos agora abordar uma lesão também conhecida como distensão muscular. Esta lesão é em tudo idêntica à rotura muscular mas em proporções muito inferiores. Não existindo uma verdadeira disrupção no feixe muscular o que acontece na realidade são pequenas roturas a nível microscópico nas fibras musculares. Daí se assemelhar tanto nos sinais e sintomas a uma rotura muscular, porém numa escala bem distinta. A terapêutica a aplicar é  a mesma que aplicaria no caso de apresentar uma verdadeira rotura muscular.
Muitas vezes não é visível nos exames complementares de diagnóstico.
Assim que possível consulte o seu Fisioterapeuta ou Médico.

Cãibra
A cãibra é uma contracção involuntária, relativamente duradoura (vários segundos) e dolorosa de um músculo. Não sendo considerada lesão, esta situação geralmente surge no final de exercício físico extenuante e/ou em pessoas que apresentam condição física desadequada. No decorrer da actividade física o défice de oxigénio a nível muscular vai aumentando conduzindo desta forma ao surgimento de ácido lácteo. O excesso deste ácido dá origem a essas contracções involuntárias. Desidratação, baixos níveis de cálcio e de  potássio estão também na origem de muitas cãibras musculares.
Perante um episódio destes deve alongar o músculo afectado até a contracção involuntária desaparecer. Massagem com gelo e a consequente vasoconstrição provocada por este poderá auxiliar no retorno venoso e consequente remoção de ácido lácteo.

Contractura Muscular
Uma contractura corresponde a um encurtamento/bloqueio constante de fibras musculares num ponto/zona específica. Esta ocorre quando um músculo é obrigado a trabalhar acima das suas capacidades, quer a nível de força quer a nível de resistência. Um esforço intenso (excessivo) ou uma postura incorrecta mantida por um longo período de tempo estão entre as principais causas de uma contractura, assim como os traumatismos directos. À palpação é perceptível uma zona mais rija, um ponto mais doloroso no músculo.
A grande maioria das contracturas tratam-se com a aplicação de calor e realização de massagem especifica. No caso de situações mais crónicas estas técnicas poderão não ser suficientes. Por outro lado, se a causa da sua contractura residir numa alteração postural, os episódios dolorosos repetir-se-ão constantemente até alteração dessa postura. Por outro lado, quando a dor e a dificuldade de movimentos são muito intensas ou quando é necessário retomar rapidamente a actividade, como é comum nos desportistas profissionais,  pode-se recorrer à administração de analgésicos associados a relaxantes musculares. Esta medicação, que visa aliviar a dor e promover um relaxamento muscular, permite que o segmento corporal afectado recupere a sua mobilidade com maior rapidez.
Caso os sintomas persistam consulte sempre o seu Fisioterapeuta.



Ft. Miguel Estêvão

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Cancro de mama. Poderá a Fisioterapia ajudar-me?

A Fisioterapia pode devolver-lhe qualidade de vida e funcionalidade, contribuindo para a restituição do seu bem-estar, durante e depois da doença.

 O cancro da mama é o tumor maligno mais frequente no sexo feminino. Estima-se que uma em cada dez mulheres poderá desenvolver cancro de mama ao longo da vida.
A terapêutica passa, frequentemente, pela cirurgia, Radioterapia, Quimioterapia ou Hormonoterapia. Estas terapias poderão ser utilizadas isoladamente ou de forma combinada. Há vários problemas clínicos que podem surgir secundariamente às terapias oncológicas:

·    Diminuição das amplitudes articulares
·     Diminuição da força muscular
·     Alteração do estado emocional
·    Alterações posturais
·    Alterações da sensibilidade
·    Desenvolvimento de linfedema
·    Aderências da parede torácica
·    Dor

São várias as áreas de actuação do fisioterapeuta após a cirurgia ao cancro de mama.

Reabilitação funcional
Actua na melhoria da função do membro superior do lado operado e na mobilidade da pele e das cicatrizes, assim como na prevenção e resolução de complicações secundárias à cirurgia como a perda de sensibilidade e o linfedema.

Reabilitação psicossocial
Ajuda a doente e a família a aceitar a doença e a perda da mama, a viver com os seus medos e ansiedades sobre a morte e a valorizar a aparência física e a sexualidade.

Reabilitação estética
Prepara e melhora o resultado estético na reconstrução mamária.

Reabilitação ocupacional / vocacional
Ensina a doente a ter um novo comportamento com o braço do lado operado, de forma a prevenir o aparecimento de linfedema e infecções subcutâneas.
O fisioterapeuta deve ter a preocupação de se inteirar sobre a situação profissional da doente de forma a poder aconselhá-la sobre algumas adaptações a realizar. Deve também dar a conhecer à doente os benefícios fiscais a que tem direito.


Ft. Sofia Jordão dos Santos

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Terapeuta! O meu bebé necessita de Fisioterapia?

Certamente já ouviu falar que o bebé ou filho de alguém conhecido precisou, em dada altura, de ginástica respiratória…ou cinesiterapia respiratória… Pois bem, tudo isto são designações para a chamada Fisioterapia Respiratória.

O que é a Fisioterapia Respiratória?
A Fisioterapia Respiratória em crianças, consiste num conjunto de técnicas manuais aplicadas sobre o tórax, e/ou recorrendo a jogos ou brincadeiras, dependendo da idade da criança, que facilitem a desobstrução nasal e das vias aéreas superiores e/ou inferiores (brônquios e bronquíolos) através remoção das secreções que nelas se acumulam.
O efeito destas técnicas de compressão será uma progressão das secreções até à boca, de modo a que a criança possa eliminar as secreções, deglutindo-as ou eliminando-as pela tosse.

O meu filho precisa de Fisioterapia Respiratória?
Com a chegada do tempo frio (de Outubro a Março) surgem com mais frequência as infecções respiratórias, sendo que as que afectam mais as crianças são as pneumonias, as bronquiolites e as traqueobronquites (infecções da traqueia e dos brônquios). Em todas estas patologias, a Fisioterapia Respiratória representa um papel importante na drenagem e remoção eficazes das secreções, contribuindo para uma boa função pulmonar e alívio dos sintomas de “crise respiratória”.

Quais os benefícios da Fisioterapia Respiratória?
Os benefícios da Fisioterapia Respiratória, para além de sintomáticos são também fisiológicos:
- diminuição dos sintomas da infecção respiratória (esforço respiratório, sensação de falta de ar),
- diminuição do eventual cansaço/prostração durante o dia,
- noites mais tranquilas,
- melhoria e optimização da função respiratória,
- prevenção de acumulação de secreções e complicações respiratórias  graves.

Informações úteis:
- ao deitar, coloque uma almofada por baixo do colchão da cama do seu filho, de modo a que ele fique com a cabeceira ligeiramente elevada – isto irá ajudar a diminuir a acumulação de secreções na cavidade nasal e consequentemente a sua obstrução
- mantenha o seu filho hidratado com água e/ou chás. Desta forma estará também a contribuir para uma melhor hidratação das vias aéreas, o que diminuirá a eventual tendência para o colapso (fechamento) das mesmas e facilitará o deslocamento natural das secreções para a boca.
- depois do banho, mantenha-o por mais alguns momentos na casa de banho de modo a que fique em contacto com o vapor para que as secreções fiquem mais fluidas e sejam expulsas mais facilmente.

Lembre-se que o Fisioterapeuta é o único profissional de saúde com formação e competências específicas para fazer tratamentos de Fisioterapia Respiratória.


Fisiot. Pedro Seixas
Tlm.: 96 55 22 937
e-mail: ftseixas@gmail.com

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Terapeuta! Qual a diferença entre tendão e músculo?

Carregue na imagem para melhor visualização
Muitas duvidas surgem sobre este tema. Musculo e tendão são a mesma coisa? São coisas completamente distintas? Ainda há quem junte as estes dois um terceiro conceito: ligamento. Aí sim a confusão adensa-se.
Os músculos são responsáveis pelos movimentos que o nosso corpo produz no dia-a-dia. Lavar a cara pela manhã, mastigar e até mesmo focar e acompanhar as letras deste texto que lê. 
Constituídos por tecido muscular a sua principal característica é a contractibilidade. Esta característica possibilita ao músculo diminuir o seu comprimento, aproximando assim dois pontos distintos. Vamos tomar como exemplo a flexão da articulação do cotovelo; ao "dobrar" o cotovelo o músculo bicípite encurta-se, diminuindo assim a distância entre a sua mão e o seu ombro. De forma um pouco mais específica a contracção muscular ocorre com a chegada de um impulso eléctrico, proveniente do sistema nervoso central, ao músculo. Este impulso, conduzido por um neurónio, irá desencadear um potencial de acção, (entrada de cálcio e saída de potássio da célula) produzindo assim a contracção muscular.
No entanto, para que o músculo consiga mobilizar um segmento como o antebraço necessita estar muito bem fixo ao osso. É mesmo essa a função do tendão. Este é formado essencialmente por tecido conjuntivo, sem quaisquer propriedades contrateis e a sua aparência assemelha-se a uma fita ou corda, que possibilita aos músculos inserirem-se nos ossos. Desta forma, toda a força muscular produzida resulta em movimento.
Os ligamentos são tecidos que apresentam algumas semelhanças com os tendões, são formados por tecido fibroso que circundam as articulações e estabelecem ligações entre os vários ossos. Ajudam no reforço e estabilização das articulações, permitindo movimentos somente em determinadas direcções. Como descrito, eles ajudam na estabilidade mas os principais responsáveis são os músculos. Daí a importância de ter músculos saudáveis para preservar os ligamentos e as restantes estruturas articulares.




Fisiot. Miguel Estêvão

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Terapeuta! O que é uma lombalgia?

No que concerne ao significado da palavra lombalgia o mais fácil é decompor-la em duas partes. Uma será "lombar", que como o nome indica se refere à região inferior da coluna vertebral e a outra "algia" que significa dor. Desta forma quando nos dirigimos a um profissional clínico e ele nos diz: -" O que o senhor tem é uma lombalgia", poderemos sempre retorquir: - "Muito obrigado mas isso já eu sei. Vim cá por isso mesmo, doem-me as costas."
Quero com isto dizer que o difícil de diagnosticar é a causa dessa lombalgia e é nisso que os profissionais clínicos se devem centrar. Conhecendo a causa poderemos tratar o origem da lombalgia.
Associado à grande maioria das lombalgias temos o espasmo muscular (por vezes é causa) que poderá funcionar como mecanismo de protecção, através da diminuição da mobilidade local. No entanto as causas de lombalgia podem ser variadas. Tendo no seu cerne alterações mecânicas a lombalgia surge por posturas incorrectas mantidas durante muito tempo (no trabalho), gestos repetidos, esforços exagerados, musculatura em mau estado (sedentarismo) e instabilidade vertebral. Pode ainda ter causas traumáticas ou degenerativas. No leque de causas menos frequentes temos ainda os tumores, alterações metabólicas e endócrinas e dor referida. A dor referida terá uma origem extra coluna lombar, órgãos internos por exemplo, mas que podem desencadear uma lombalgia.
Independentemente da causa e na grande generalidade das lombalgias em fase aguda com espasmo muscular associado a abordagem deve centrar-se em três pontos: -Repouso, Calor e possivelmente Relaxantes Musculares (para este ultimo ponto deverá consultar o seu médico).
É importante que consulte o seu médico ou fisioterapeuta para determinar com exactidão qual a origem da sua lombalgia. Para quem ainda não apresenta dor lombar atente na imagem que se segue e comece a proteger a sua coluna lombar.

Forma correcta para apanhar objectos do solo



Fisiot. Miguel Estêvão

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Terapeuta! Devo alongar ou não?

DEVE!
Os alongamentos (trabalho de flexibilidade) são fundamentais na manutenção de correctas amplitudes articulares, diminuição da sobrecarga articular e manutenção de comprimentos musculares adequados. Um músculo encurtado não funciona de forma adequada pelo que poderá originar lesões musculares, desalinhamento e desgaste articular. Nos dias que correm e tendo em conta o sedentarismo característico destes tempos, posturas incorrectas e encurtamentos musculares são cada vez mais frequentes. O trabalho de flexibilidade é importantíssimo na prevenção de lesões. Para além desta papel preventivo, em alta competição a flexibilidade adquire também papel crucial na potencialização das capacidades técnicas dos atletas.
Vamos tomar como exemplo o músculo quadricípete:
A forma correcta de alongar passa por atingir a amplitude máxima permitida por esse músculo. Neste exemplo o movimento solicitado é a flexão do joelho (levar o calcanhar ao rabo). Ao atingir a amplitude máxima esta deverá ser mantida durante pelo menos 60 segundos. Poderá/deverá sentir dor ligeira. Caso essa dor se torne insuportável, possivelmente a posição adoptada por si não será a correcta, podendo estar a comprometer outras estruturas.  O trabalho de flexibilidade não se realiza "em elástico"; não se balance ao realizar os alongamentos, pois estará a estimular um reflexo de contracção ao invés de alongar.
Os alongamentos devem ser realizados antes e após a actividade física. No primeiro caso deverá realizar um ligeiro aquecimento, 5 a 10 minutos de trabalho aeróbio antes de alongar. Caso não realize qualquer actividade física regular deverá ter o seu próprio programa de flexibilidade e realizá-lo 3 a 5 vezes por semana. Os benefícios deste trabalho surgem se o mesmo for realizado de forma regular durante um largo período de tempo (anos).


Fisiot. Miguel Estêvão

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Terapeuta! Torci o pé. Que devo fazer?

Antes de mais permitam-me esclarecer duas pequenas questões. Objectivamente quando se diz "torci o pé" o que realmente acontece é uma entorse da articulação tibio-társica. Por outro lado a lesão propriamente dita não é a entorse em si, pois uma entorse é o mecanismo da lesão. Podemos ter uma entorse de tibio-társica, uma torção do joelho mas isso são mecanismos. Na sequência destes mecanismos podem resultar roturas ligamentares, meniscais ou até lesões condrais, isto sim lesões.
De qualquer forma vamos assumir o entorse de tibio-társcia como lesão neste post e classificá-la.
Existem três graus: I, II e III

Grau I                                Grau II                                       Grau III
 - Estiramento ligamentar   - Rotura ligamentar parcial             - Rotura total ligaments
 - Possível edema ligeiro     - Edema considerável                     - Grande edema
 - Sem sinais de derrame    - Possível presença sinais derrame   - Derrame evidente
 - Estabilidade mantida       - Instabilidade ligeira/moderada       - Grande instabilidade

O tratamento desta lesão inicia-se logo após a ocorrência da mesma, pois muitas não são tratadas precocemente ou são mal reabilitadas e desenvolvem problemas/queixas crónicos. A instabilidade é também um problema resultante de entorses de tibio-társica mal recuperados e que pode conduzir a nova lesão.
A abordagem inicial (fase aguda) a este tipo de lesão resume-se a 4 letras: 
RICE -  Rest, Ice, Compression, Elevation. 
A primeira é simples e corresponde a Descanso; em relação ao Gelo deve ser colocado a cada duas horas por um período de 20 minutos; A Compressão deverá ser realizada por uma ligadura funcional (a realizar pelo seu Fisioterapeuta) ou caso não seja possível ir a uma consulta de Fisioterapia poderá utilizar um pé elástico à venda nas farmácias (menos eficaz); por fim a Elevação, mantendo o pé elevado e apoiado.
Como referi anteriormente deve consultar o seu Fisioterapeuta de imediato e iniciar tratamentos. A terapêutica RICE será aplicada entre tratamentos, em sua casa. Os tratamentos terão como objectivos a diminuição de edema, repor amplitudes articular, potenciar/acelerar processo cicatrização tecidular, prevenir/eliminar a formação de aderências/fibroses, realização de trabalho proprioceptivo e estimular/fortalecer a musculatura envolvente.
O que não deve realizar na fase aguda da sua lesão:
HARM - Heat, Alcool, Running, Massage


Fisiot. Miguel Estêvão

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Terapeuta! Faço Gelo ou Calor?

Esta é uma excelente questão e já me foi colocada dezenas de vezes.
Antes de se optar por uma destas medidas terapêuticas é fundamental identificar o tipo de lesão. Sem me alongar muito quanto aos vários tipos de lesão existentes (talvez num próximo post) vamos centrar-nos nas lesões traumáticas. Na sequência deste tipo de lesões, geralmente, decorre um processo inflamatório caracterizado por 4 sinais específicos: Edema, calor, rubor e dor. Nesta situação o gelo deverá ser aplicado o mais cedo possível, visando a diminuição da temperatura, do aporte sanguíneo, provocando vaso-constrição e  algum efeito analgésico. O gelo será aplicado com uma pressão adicional (uso de ligadura) e por um período de 20 minutos, nunca superior. Este processo deverá ser repetido a cada duas horas e nunca com um intervalo de tempo inferior. A aplicação de gelo ocorre na fase aguda (primeiros 3 a 5 dias) de lesões traumáticas, no entanto, poderá ser utilizado em lesões crónicas após exercício, controlando assim possível edema residual.
Existem algumas alternativas na aplicação de gelo como é o caso do banho de imersão ou a aplicação de gelo dinâmico.

Os principais efeitos da aplicação de calor prendem-se com o relaxamento dos tecidos, aumento da elasticidade dos mesmos, aumento do aporte sanguíneo e da temperatura. Mediante isto esta abordagem deverá ter lugar em situações crónicas, de aumento de rigidez muscular (contractura) e articular.
Este técnica deve ser aplicada por períodos de 15 a 20 minutos. Existem no mercado umas almofadas de gel para este efeito mas também se poderá utilizar o tradicional saco de agua quente.

Em ambos os casos atenção para as pessoas com alterações de sensibilidade superficial. Tanto o gelo como o calor podem provocar queimaduras graves. A utilização de toalhas é indicada, evitando assim o contacto directo com a pele.



Fisiot. Miguel Estêvão